Jornalismo cancerígeno: tudo por likes
Um mundo globalizado, onde todos tem voz, vez e a chance de falar o que pensa. Isso à primeira vista é bastante interessante, pois há alguns anos, talvez, nem conseguiríamos fazer esse trabalho com o Crônica Blaugrana. Porém, como tudo tem prós e contras, convivemos com a incerteza da veracidade de cada uma das notícias que lemos na internet. O diário 'Mundo Deportivo', de Barcelona, tem um largo alcance, sendo um dos mais lidos de toda a Espanha. Contudo, o que se espera é um pouco de credibilidade e responsabilidade em suas publicações. Mas, como notamos na manchete exposta na imagem, isso nem sempre acontece.
Na última janela de transferências, Barcelona e Paris Saint-Germain disputaram a contratação do meia holandês Frankye De Jong, uma operação que acabou custando 75 milhões de euros ao Barça. Encarecida, evidentemente, por conta da forte concorrência imposta pelos franceses. Coisas de mercado que fazem parte do futebol, todo grande clube convive com situações assim. Porém, a busca por likes transforma tudo em novela, e isso está ficando chato demais. Um dos maiores problemas desse sensacionalismo sobre rumores expelidos por meios de comunicações bastante inconfiáveis, é que a "notícia" se espalha com uma velocidade incontrolável, prejudicando muitas vezes o ambiente do próprio clube. Cansativo.
Na matéria da qual estou me referindo, o Mundo Deportivo comenta os rumores espalhados pela Rádio Montecarlo, da França, um veículo sem a menor credibilidade. As informações indicam que o PSG estaria disposto a tirar o meia Philippe Coutinho do Barça, e que isso teria duas motivações: reforçar o elenco e vingar-se do clube Culé por ter perdido De Jong. Será que só eu achei isso sem pé nem cabeça? É impossível que achemos normal afirmações assim, claramente é um palpite sem base de informação, uma doença da atual sociedade.
Coutinho tem contrato com o Barça até 30 de junho de 2023, com uma multa rescisória de 400 milhões de euros. Além do alto valor de rescisão, o Barcelona já pagou os 5 primeiros milhões das variáveis, elevando a contratação de 125, para 130 milhões de euros. Tudo isso, sem o jogador sequer mostrar a que veio. Para o Paris Saint-Germain pagar um valor tão alto por 1 atleta apenas, teria que vender alguns dos medalhões e ainda se contentar em não contratar mais ninguém, pois o Fair Play financeiro está cada vez mais atento. O Barça, por sua vez, após o acontecido em 2017 com Neymar, não deverá abrir negociações para quem sabe reduzir a multa - não com o senhor Nasser Al-Khelaifi.
Muitas vezes tenho a sensação de que, além da busca por likes e compartilhamentos, o que esses sites buscam é pressionar os clubes, dar ideias, participar de alguma forma da tomada de decisão. Há uma boa parte da torcida e da imprensa que torcem para que Coutinho seja negociado, pois ainda há tempo de recuperar um pouco do investimento. Até aí tudo bem, é razoável considerando o baixo desempenho. Mas daí a acreditar que um clube pagaria quase meio bilhão de euros para contratar um jogador em baixa, apenas para "dar o troco" no algoz de uma antiga operação; aí já é fantasia demais para ser compartilhada entre tantos adultos.
Ministério do bom senso adverte: cuidado com as porcarias que você lê na internet.
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